
No ensino de qualidade, não deve haver diferença entre a metodologia utilizada no ensino presencial e a distância. As metodologias mais eficientes no ensino presencial são também as mais adequadas ao ensino a distância. Pedagogia por projetos, trabalho colaborativo, inteligências múltiplas, resolução de problemas, desenvolvimento de competências, autonomia, pró-atividade, aprender a aprender, são métodos, técnicas, estratégias e posturas que devem ser utilizados tanto no ensino presencial quanto no ensino a distância.Fala-se muito sobre "o aluno como centro do processo de ensino-aprendizagem" e "um novo papel para o professor, que deixa de ser o transmissor de conhecimentos e passa a ser um facilitador do processo", como características do EAD. No meu entender, elas não são exclusivas do EAD, nem surgiram com o EAD e são, além disso, extremamente eficientes no ensino presencial. O que muda, basicamente, não é a metodologia de ensino, mas a forma de comunicação. As estratégias de ensino devem incorporar as novas formas de comunicação e, também, incorporar o potencial de informação da Internet. Por isso, o trabalho colaborativo e a pesquisa na Internet passam a ser as estratégias mais eficientes.
Acredito que, em breve, o termo Educação a Distância possa deixar de existir. Não se fala ao telefone "a distância", simplesmente fala-se ao telefone. Não se envia um e-mail "a distância", simplesmente envia-se um e-mail ou um arquivo anexado. Da mesma forma, não se ensina ou se aprende "a distância", simplesmente ensina-se ou aprende-se, com uso das tecnologias disponíveis, de forma presencial ou não presencial, estando todos os participantes reunidos no mesmo lugar e na mesma hora ou não.
Por outro lado, considero que deva sempre haver algum tipo contato presencial. Por isso, acredito que "ensino semipresencial" seria um termo mais adequado, ou “educação apoiada pelas novas tecnologias", ou simplesmente Educação. À medida que me aprofundo neste assunto, convenço-me de que a questão central não é o uso das novas tecnologias, mas sim o resgate e a aplicação dos conhecimentos já desenvolvidos por pesquisadores das áreas de educação, psicologia da aprendizagem, comunicação, cognição, entre outras.
A revolução das Novas Tecnologias Digitais representa uma excelente oportunidade para se repensar a educação e substituir as metodologias e estratégias arcaicas, que ficaram congeladas no tempo. Acredito que a criatividade e a inteligência de nossas crianças e jovens é sistematicamente empobrecida por métodos de ensino ultrapassados. Ao mesmo tempo, a eficiência da aprendizagem nas universidades e na capacitação de profissionais é muito baixa se utilizarmos os métodos tradicionais. É preciso modernizar a educação para acompanhar as enormes transformações na área da neurologia, da cognição e da tecnologia da informação ocorridas no mundo.
A internet permite a existência de vários vetores de comunicação simultaneamente (todos para todos, todos para um, um para todos), a conexão em rede (várias pessoas ao mesmo tempo) e o fluxo de documentos (arquivos de diversos formatos: doc, pdf, gif, cdr, fotos, vídeos, gráficos, etc.). Ao mesmo tempo, os softwares de trabalho colaborativo (CSCW), aprendizagem colaborativa (CSCL) e Gerenciamento (LMS e CMS) permitem organizar e controlar os fluxos. Desta forma, as possibilidades de interação entre os participantes são bastante diversificadas e ampliadas. Uma grande vantagem desta modalidade é a integração das diversas mídias num único meio ou veículo de comunicação: a Internet.
Na teleconferência, tem-se um ponto de emissão e vários pontos de recepção, e a possibilidade de interatividade fica reduzida ao envio de e-mails e ao uso do telefone, de forma não integrada totalmente, pois não utiliza um único meio de comunicação. A videoconferência, por sua vez, possui uma possibilidade de interação maior do que a teleconferência, pois permite a existência de vários pontos de transmissão e de recepção, onde cada um pode transmitir e receber imagens. No entanto, a tendência, tanto da tele quanto da videoconferência, é de se transformar numa atividade passiva, reforçando o paradigma de transmissão centralizada e recepção passiva adotado pela educação tradicional, e consolidado em nossa cultura, pelo rádio e pela televisão, por mais de 50 anos.
A verdadeira mudança de paradigma, no entanto, ocorre com a Internet e seus recursos (softwares, groupware, hardware), possibilitam maior interatividade entre os usuários e a criação de redes de comunicação, com seus variados fluxos. Isto sim representa uma mudança radical, capaz de criar uma maior sintonia entre a educação e as grandes mudanças ocorridas na sociedade, nos últimos 15 anos.
REFERÊNCIA
Cristina Haguenauer é Doutora em Ciências pela Coppe/UFRJ, Mestre em Engenharia pela PUC-RJ, Engenheira Civil pela UERJ. Professora da Escola de Comunicação da UFRJ. Participa do Programa Interdisciplinar de Linguística Aplicada, da Faculdade de Letras da UFRJ. Coordena o Laboratório de Pesquisa em Tecnologias da Informação e da Comunicação - LATEC/UFRJ. Pesquisadora na área de Tecnologias da Informação e da Comunicação aplicadas à Educação e à Gestão do Conhecimento, com foco em Educação a Distância, Ambientes Virtuais de Aprendizagem, Portais de Informação e Comunidades Virtuais, Hipertexto e Hipermídia, Jogos e Realidade Virtual.
Nilda Parabéns! muito boa sua exposição.
ResponderExcluirolá Nilda, bom texto para reflexão, muito bom sua iniciativa. um abraço.
ResponderExcluirOi Nilda. Obrigada pela socialização do texto. "A utilização da interatividade na aprendizagem passa a apresentar uma nova dimensão potencializada pela Internet e suas ferramentas"... Ótimo texto.Parabéns!
ResponderExcluirAbraços